A CIDADE MAIS VIOLENTA DO BRASIL
Quando estava em Goiás ouvia dizer que Marabá, e região, era o novo Eldorado do Brasil, o que inclui, é claro, Eldorado dos Carajás. Marabá é, hoje, a terra das oportunidades, me diziam. E chegando aqui, sobretudo na Orla do Rio Tocantins, ponto preferido para a confraternização dos laureados com o progresso que me diziam existir aqui, percebi que as oportunidades de fato existem. Depois do primeiro mês de residência na Região, ainda morando e trabalhando em São João do Araguaia, 45 km de Marabá, pude perceber claramente que essas oportunidades existem, mas não para o povo sul-paraense. E não se trata de fundamentar o discurso de que aqui não há a mão de obra qualificada para o serviço, o fato é que, como afirma a reportagem da Veja, as grandes obras em Marabá e região têm o objetivo exclusivo de criar infra-estrutura para o escoamento das riquezas naturais do Sul do Pará, só isso.
O sociólogo Raimundo Gomes da Cruz Neto definiu muito bem o desenvolvimento vivido por Marabá, é um desenvolvimento de fachada cuja face oculta é a produção da miséria em larga escala. A violência é fruto disso. Mas não se trata apenas da violência física, em Marabá os índices de mortalidade infantil são, segundo Veja, maiores que aquele registrado nas regiões mas pobres do país; saneamento é quase inexistente e a coleta de lixo é uma piada. O povo vive entre enxurradas de lixo carregadas pela chuva em valas que a prefeitura chama de rua.
Os dados da violência física falam por si. A média de homicídios/ano em Marabá é de mais de 250. A pesquisa da Veja, que utiliza dados do IBGE indica que para cada grupo de 100 mil habitantes a média em Marabá é de 125 óbitos, como o censo de 2010 indicou que a população Marabaense era de 224,014 habitantes então a proporão de mortes aumenta em cerca de 125%. Mas a configuração dessa matemática macabra não considera apenas as execuções da polícia, disputas por drogas, assaltos, ou outras ocorrências