A CHINELA TURCA O conto A chinela turca de Joaquim Maria Machado de Assis faz parte da coletânea Papéis Avulsos e conta o drama vivido pelo bacharel Duarte que havia acabado de compor o mais teso e correto laço de gravata que apareceu no ano de 1850, quando por mais de nove horas da noite anunciam-lhe a visita do major Lopo Alves. Duarte estremeceu, e tinha duas razões para isso. A primeira era ser o major, a segunda é que ele preparava-se para ir ver, em um baile, os mais finos cabelos loiros e os mais pensativos olhos azuis que este nosso clima, tão avaro deles, produzira. Datava de uma semana aquele namoro. Três dias depois, estava a caminho a primeira carta, e pelo jeito que levavam as coisas não era de admirar que, antes do fim do ano, estivessem ambos a caminho da igreja. Nestas circunstâncias, a chegada de Lopo Alves era uma verdadeira calamidade. Velho amigo da família, companheiro de seu pai no exército, era impossível despedi-lo ou tratá-lo com frieza. E o major era aparentado com Cecília, a moça dos olhos azuis. Duarte enfiou um chambre e dirigiu-se para a sala, onde Lopo Alves, com um rolo debaixo do braço e os olhos fitos no ar, parecia totalmente alheio à chegada do bacharel. Duarte questiona sobre a visita e responde que vai ao Rio Comprido, a uma festa na casa das Meneses. Lopo Alves dia que sua mulher e filhas já devem está lá, mas que ainda é cedo para Duarte sair, terá tempo de dançar se tiver ou se não tiver namorada. E começa a informar o motivo da visita, diz que escreveu um drama, que o serviço militar não conseguiu curar os achaques literários que tinha desde criança. Ao passo que Duarte disse que recomendaria o drama a alguns amigos. Mas na verdade, Lopo Alves deseja que o amigo leia e diga francamente o que pensa da peça, o que amargura Duarte pelo desejo que tem de ir a festa e encontrar-se com Cecília. O drama dividia-se em sete quadros. Esta indicação produziu um calafrio no ouvinte. Nada havia de novo naquelas cento e oitenta páginas,