A chegada dos Muçulmanos e Europeus à África e seu efeito nas práticas escravistas
Um dos fenômenos mais importantes da história, a escravidão surgiu em diferentes épocas, nas mais variadas sociedades e formas e foi conhecido por praticamente todos os grupos humanos primitivos (BRAUDEL, 1989, p.138). A escravidão negra do “mundo moderno”, no entanto, tem um apelo historiográfico e memorial muito mais intenso, se compararmos, por exemplo, com o que ocorreu na Roma Antiga, nas sociedades pré-colombianas na América ou mesmo com a escravidão hebraica, da forma como é descrita na tradição bíblica. Ainda hoje existe todo um debate em torno da escravidão na África, e um dos pontos fundamentais é o papel dos Europeus na criação e difusão desse sistema. Uma das principais mudanças nesse sentido é a ideia de uma importância muito maior da expansão do islamismo pelo continente africano como fator determinante do comércio de escravos, além desse processo ter ocorrido entre os próprios povos locais. Iremos, portanto, discorrer sobre essas questões a seguir.
Ao chegar à África no século XV, os europeus logo se deram conta de que estavam lidando com grupos populacionais que possuíam um modo de vida e estrutura de sociedade extremamente diferente dos seus. E por conta de extensos impérios e uma lógica de “exploração tributária” de um grupo pelo outro, a ocorrência de guerras era algo frequente, e com isso vinha a subjugação de um povo por outro (ALBUQUERQUE; FRAGA, 2006, p.14). Portanto, havia um sistema de escravidão doméstica em pequena escala, com as famílias utilizando tal mão de obra na agricultura e na perpetuação da linhagem daquelas famílias, uma vez que muitos homens tomavam algumas escravas como concubinas. Além disso, não era somente na guerra que se corria o risco de se tornar escravo: em algumas sociedades africanas, tal condição poderia ter um caráter punitivo para quem cometia um crime. Devemos levar também em conta outras variáveis quanto a condição do