A chave da administraçao
Lee Iaccoca
Aos trinta e seis anos, eu era gerente geral da maior divisão da segunda maior empresa do mundo. Ao mesmo tempo, era praticamente desconhecido. Metade do pessoal da Ford não sabia quem eu era. A outra metade não conseguia pronunciar meu nome. Quando Henry Ford me chamou ao seu escritório em dezembro de 1960, senti como se o próprio Deus me tivesse chamado. Nós nos tínhamos cumprimentado algumas vezes, mas foi a primeira vez que tivemos uma conversa de fato. McNamara e Beacham já me haviam contado que tinham vendido a idéia de me colocar como diretor da divisão Ford, mas pediram que eu fizesse de desentendido. Sabiam que Henry gostaria de me dar a impressão de que a idéia era dele. Vibrei com a promoção, mas percebia que ela me colocava numa posição delicada. Por um lado, de repente eu estava dirigindo a divisão de elite da empresa. Henry Ford me havia coroado pessoalmente. Por outro lado, eu tinha passado na frente de umas cem pessoas mais velhas e mais experientes. Algumas, eu sabia, estavam ressentidas com o meu sucesso repentino. Além disso, eu ainda não tinha credenciais reais como homem de produto. Àquela altura da minha carreira não havia nenhum carro para o qual se pudesse apontar e dizer: “Foi Iacocca quem fez”. Então me sobrava a área que eu conhecia: o lado humano dos negócios. Tinha que descobrir se toda a minha prática em vendas e em marketing poderia ser aplicada ao trabalho com as pessoas. Tinha que usar tudo que havia aprendido com o meu pai, com Charlie Bescham e com minha própria experiência e bom senso. Era um período de teste para mim. Uma das minhas primeiras idéias veio de Wall Street. Há quatro anos, em 1956, a Ford finalmente se tornara uma empresa de capital aberto. Agora os proprietários eram um grande grupo de acionistas, bastante interessados na nossa saúde e produtividade. A exemplo de outras companhias de capital aberto, enviávamos aos acionistas