A Causa Da Viol Ncia Nas Escolas Reside Fora Dela
"Exclusão e violência estão indiretamente relacionadas. Os problemas sociais geram um clima de tensão. Basta "acender um fósforo" e tudo explode", diz Bernard Charlot, filósofo e sociólogo da Universidade Paris 8, na França. Ele está no Brasil para participar do evento "Jornadas: A Educação e seus Impasses", uma iniciativa do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), da Faculdade de Educação da USP e do consulado da França, que começa na quinta-feira.
Em suas pesquisas, realizadas em escolas francesas, Charlot constata uma intensificação da violência nos últimos anos, fato que associa com a exclusão social. "Há mais casos de armas dentro da escola, de violência sexual. Também chama a atenção o fato de que os envolvidos são cada vez mais jovens. As pequenas violências não podem ser consideradas graves, mas criam um clima de tensão", diz Charlot.
A presença dessas "pequenas violências" -atos de indisciplina contra um professor ou brincadeiras agressivas entre colegas, por exemplo- também foi constatada pelo sociólogo Eric Debarbieux, que vem realizando desde 1983 uma série de estudos comparativos sobre violência escolar com base em depoimentos de 25 mil estudantes.
Ele também está realizando estudos comparativos entre a França, o Reino Unido e a Bélgica, e pretende iniciar um trabalho no Brasil, em parceria com pesquisadores do país.
"A violência nas escolas não se limita às ocorrências policiais. Na verdade, são casos raros. É preciso aprender a lidar com o clima difuso de violência e degradação", diz o pesquisador.
Para ele, a violência nas escolas existe em todas as democracias liberais e é gerada por esse modo de organização social que, em em seu entendimento, intensifica as desigualdades.
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