A capelinha
A capelinha das Almas Num Domigo de manhã no mercado da Vila de Borba, apreciei um café com o respectivo brinhol, para matar saudades. Em seguida ali ao lado fui visitar uma exposição de fotografias antigas, no celeiro da cultura , onde outrora em criança via descarregar e armazenar grandes quantidades de lã de ovelhas. Adorei a exposição e é de louvar tão ilustre iniciativa. Deixei o carro estacionado no largo da Mesericórdia, ou largo do Hospital, precisamente no local, onde há muitos anos estava localizado a velha capelinha das almas (casa mortuária) Ali parado alguns minutos, sentado no carro, pensava nas minhas brincadeiras de criança, naquele local. Aquele território éra-me muito familiar, e os meus neurónios libertaram do sotão da minha memória alguns episódios passados. Este local, bem como outras ruas, estão cheias de verdadeiras histórias. Faleceu no hospital uma senhora já idosa, que eu conhecia e tinha muita estimação, não só por ela, mas por todos os velhinhos. A morte está sempre de sentinela, numa mão tem o relogio do tempo, na outra tem a foice fatal. Todos caminhamos para o fim, semelhante aos rios que correm apressadamente para o mar, donde perdem a doçura e acabam. Embora muito novo , mas com grande sentido humano, pelas pessoas de quem gostava e apreciava os seus valores, fui passar algum tempo no velório em sua memória na referida capelinha. Entrei empurrando a porta e vi de um lado e de outro da urna, trés pessoas de cada lado, todas vestidas de negro. Todas já idosas, cumprimentei todas e sentei-me na ponta de um banco corrido, perto dos pés da falecida. No topo da capela um candeiro de latão , muito luzidiocom torcidas de pavio embebidas em azeite, iluminava a pequenina sala. Ambiente silencioso, triste e macabro. Neste pequeno espaço ainda conseguiram colocar uma brazeira com picão ( carvão miudo, tirado dos fornos das padarias) , para aquecer o ambiente frio daquele