a cabana
Daniel Leite Guanaes de Miranda1
YOUNG, William P. A Cabana. Tradução: Alves Calado. Rio de Janeiro: Sextante, 2008
William P. Young é um canadense, o mais velho dos quatro filhos de um casal de missionários. Apesar de ter nascido no Canadá, Young passou parte de sua infância em uma tribo na Papua Nova Guiné. De acordo com ele, "a tribo Dani se tornou sua família, e o fato de ele ter sido a primeira 'criança branca e estrangeira' a falar o idioma local fez com que ele conhecesse aquela cultura e comunidade como poucos". 2 Posteriormente, seus pais voltaram para o Canadá e William Young, já mais velho, foi estudar nos Estados Unidos, país onde vive até hoje.
A Cabana é um romance que cativa seus leitores do início ao fim, por sua criatividade e capacidade de expressar princípios básicos do cristianismo de forma simples e profunda. Um dos paradoxos da fé cristã é a existência de complexidade na simplicidade de seus ensinamentos. O princípio do amor a Deus e ao próximo, por exemplo, cuja explicação é tão elementar, revela profunda complexidade em sua prática. Em decorrência disso, quando nos deparamos com uma obra capaz de revelar o denso com leveza, o obscuro com clareza e o complexo com simplicidade, nada nos resta, senão reconhecermos sua grandeza. Além disso, Young foi capaz de descrever sentimentos comuns a todos os homens, o que contribuiu para o sucesso da obra.
A obra narra a história de um homem que, conquanto morador de um país culturalmente cristão, não vive a fé de sua nação de forma pessoal. Inicialmente, ainda que de forma rápida e indireta, essa obra é capaz de revelar os malefícios decorrentes da perda dos limites que distinguem religião e cultura em uma nação. Homens e mulheres de países cristãos, por exemplo, podem acabar encarando sua fé como um aspecto puramente cultural. Parece ter sido esse o problema de Mackenzie Allen Phillips, principal personagem da ficção. Diante de uma súbita