A busca do outro
Mônica Betania Lopes[1]
Todos nós vivemos numa constante procura. Procuramos coisas, pessoas que nos proporcionem, de forma direta ou indireta, momentos felizes. Essa busca rumo à satisfação pessoal faz com que tudo que existe ao nosso redor seja, talvez de maneira inconsciente, reflexo do nosso próprio eu. Tanto no universo material quanto nas relações interpessoais que construímos, revelamos um mundo próprio de nós mesmos. Mesmo as coisas pelas quais satisfazem nossas necessidades materiais como: livros, revistas, quadros, roupas e inúmeras outras coisas, são a nossa própria identidade. Nós estamos sempre tentando nos relacionar com pessoas com as quais se parecem conosco; As amizades, a preferência por alguns familiares, a afeição por somente alguns colegas de trabalho são exemplo dos quais demonstram claramente que nós nos identificamos com o que é reflexo de nossas particularidades, determinando tudo, ou quase tudo, que nos rodeia como sendo espelho do nosso eu. Como não podemos viver sozinhos e as relações interpessoais são essencialmente necessárias para nossa sobrevivência, acredito fielmente no que Fairbairn diz quando afirma que “a relação com o outro não é um meio (...), ela é o objetivo que buscamos para assegurar nossa própria existência”. E com isso a busca do outro é fundamental para todos. No entanto, nas relações pessoais são comuns os constantes conflitos com pessoas que apresentam particularidades diferentes das nossas, pois não admitimos que o outro seja diferente e portanto, construímos um julgamento subjetivo do outro, opondo-se mais uma vez à este , e assim, julgamos o outro pelo que somos e não como ele realmente é.. Nas relações amorosas, estabelecemos uma procura incessante de uma metade perdida e que deve ser achada para podermos completar o nosso próprio eu.