A busca de Deus nos Solilóquios de Agostinho
SOLILÓQUIOS DE AGOSTINHO
GOD IN ST. AUGUSTINE’S SOLILOQUIES
Paulo César Nodari*
Resumo
Agostinho é filósofo cristão e Padre da Igreja de corrente latina. Ele contribuiu muitíssimo para a formação do pensamento cristão no Ocidente, constituindo-se num verdadeiro Mestre do Ocidente. Agostinho investigou os aspectos fundamentais de uma pedagogia de estatuto religioso e lhe deu soluções significativas pela espessura cultural, pelo vigor teórico e pelo significado espiritual. Conhecimento e fé constituem a meta do processo educativo. A fé é um princípio, mas não um termo definitivo, isto é, um convite a empreender novas especulações, que já não serão tão só da razão, mas serão orientadas e dirigidas pela fé: Intellige ut credas. Crede ut intelligas. No De Magistro, Agostinho defende a ideia de que a ascensão a Deus é um processo de autoeducação, de crescimento interior que deve se realizar sob a direção do próprio indivíduo, da sua vontade e da sua racionalidade, capaz de corrigir o erro, de modo a purificar os olhos da mente e libertá-la da atração enganadora dos sentidos, para atingir a contemplação das realidades superiores imutáveis. Do processo autoeducativo, seguindo o método pedagógico perguntas e respostas, analisarse-á a obra Solilóquios à luz de três objetivos principais: a) Solilóquios é um falar consigo mesmo, mas não se constitui num monólogo interior de um eu fechado em sua identidade monádica, já que Agostinho articula seus pensamentos de forma coerente na busca da verdade; b) Solilóquios é um diálogo em que a razão faz o papel tanto de instrutora como de discípula; c) Solilóquios não é um mergulho do Eu na própria essência do ser em seu subjetivismo abstrato, mas a busca do Tu que coabita essa mesma interioridade, ou seja, constitui-se na busca do Outro de si.
Palavras-chave: Agostinho. Razão. Fé. Verdade. Diálogo.
* Doutor em Filosofia. Professor no PPGFIL-UCS. ou
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Porto Alegre