A Analise Do Poema Eros E Psique De Fernando Pessoa Come A Sendo Contado Como Se Fosse Uma Narrativa
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa
A análise do poema Eros e Psique de Fernando Pessoa começa sendo contado na forma de mito, onde a estória fala sobre o amor idealizado. Um jovem guerreiro que vem de longe e enfrenta obstáculos para encontrar um “amor” sonhado, porém nunca avistado por seus olhos, algo desconhecido e misterioso.
Em meio ao percurso, Eros percorre tanto caminhos bons quanto ruins antes de chegar a sua princesa, ou seja, ele faz coisas erradas também para atingir o objetivo almejado.
Enquanto isso princesa espera passivamente ser conquistada e não faz nada, além disso. Fernando Pessoa mostra bem nesse trecho traços dogmáticos onde a mulher (Psique) é designada a um papel e o homem (Eros) a outro, ela não pode desempenhar uma função ativa também, ela tem que aguardar ser descoberta e desvendada, enquanto isso espera seu encontro