Zoologia
A curiosa evolução dos animais com penas revela que as aves são os parentes mais próximos dos dinossauros.
Por Carl Zimmer
Foto de Robert Clark
Raros dentre nós têm a oportunidade de ver as grandes maravilhas da natureza. Nunca podemos dar uma espiada no olho de uma lula-colossal, tão grande quanto uma bola de basquete. O mais próximo a que chegamos de uma presa de narval, parecida com a de um unicórnio, é por meio de fotos. Mas há uma maravilha natural acessível a todos, e para presenciá-la basta olhar para o céu. As aves são de tal modo comuns, até mesmo nos locais mais urbanizados do planeta, que é fácil ficar indiferente. No entanto, elas preservam muito do legado dos dinossauros e são dotadas de uma engenhosa plumagem que lhes permite voar. Para suportar a força das correntes de ar, uma pena de vôo tem formato assimétrico, com a borda de ataque fina e rígida e a borda de fuga longa e flexível. A fim de gerar a força de sustentação, a ave só precisa inclinar as asas, ajustando o fluxo de ar tanto embaixo quanto acima delas.
As asas dos aviões aproveitam alguns desses mesmos truques aerodinâmicos. Contudo, uma asa de ave é bem mais complexa do que qualquer coisa feita de placas metálicas e rebites. A partir da raque, o eixo central da asa, projeta-se uma série de barbas mais esguias, cada qual dando origem a bárbulas (filamentos) ainda menores, como ramos de um galho, todas dotadas de minúsculos ganchos. Eles se agarram aos ganchinhos das bárbulas adjacentes, criando uma trama leve e resistente. Quando um pássaro usa o bico para limpar as penas, as barbas se separam com facilidade e logo depois se recompõem.
A origem desse mecanismo admirável é um dos enigmas mais persistentes da evolução. Em 1861, dois anos depois de Darwin ter publicado A Origem das
Espécies, os trabalhadores de uma pedreira na Alemanha toparam com fósseis espetaculares de uma ave do tamanho de um corvo,