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Os Maias
Realização: João Botelho Actor(es): Graciano Dias, Maria Flor, João Perry, Pedro Inês, Adriano Luz, Rita Blanco, Filipe Vargas, Ana Moreira, Rui Morrison, Catarina WallensteinSe fôssemos fiéis ao Eça, deveriam ser 20... Mas é um filme de três horas. A Lusomundo mostrou-se interessada em distribuir – nem é por mim, é pelos Maias, pelo Eça... – e pediram-me uma versão mais curta. Que não é muito diferente – é mais concentrada, mais rápida, as cenas são mais curtas, vai mais pela narrativa dos costumes e do incesto. Vou ter a versão longa apenas no Cinema Ideal, em Lisboa, mas depois vou fazer a mesma distribuição do Filme do Desassossego [no circuito das escolas e dos cine-teatros de província], com a curta à tarde, e à noite a versão longa. E ainda há uma versão maior, para televisão, com quatro horas.
Como é que se “desbasta” Os Maias para três horas?
O grande trabalho foi conseguir concentrar. O [Filme do] Desassossego foi mais fácil porque apesar de [o livro] ser mais abstracto era mais fragmentado, mais disperso. Este não, é uma narrativa entrelaçada. O trabalho de adaptação levou meses. Mas esse é o trabalho do cinema: corta e cola. O que tentei fazer foi encontrar equivalências às descrições maravilhosas do Eça, tentar fazer isso com a luz e não com a voz-off. A chave do filme está no genérico; a partir do momento em que mostro os desenhos, as maquetas, o guarda-roupa e ponho o Jorge Vaz de Carvalho, que é cantor de ópera, a fazer de narrador, instalei o artifício. A partir do momento em que há uma instalação do artifício, os dados estão lançados e o que me interessa é o texto ou os gestos que as personagens fazem a dizer aquele texto.
Para mim, o fundamental é o texto do Eça. Que tem invenções prodigiosas; ele tem outros