XXVI Joana Rigato VF
7696 palavras
31 páginas
ConferênciaQUESTÕES DO DEBATE SOCIAL CONTEMPORÂNEO:
Uma leitura dos problemas mais relevantes
Joana Rigato
Comissão Nacional Justiça e Paz
A minha intervenção está estruturada em três partes: uma introdução aos contextos nacional e mundial onde se situam os grandes problemas sociais sobre os quais me pediram que me pronunciasse, uma segunda parte que consiste na minha leitura daquele que considero ser o “problema mais relevante” (que não é uma leitura exaustiva, nem académica nem técnica – é a minha leitura pessoal) e uma conclusão baseada na mensagem da Caritas in Veritate.
1) INTRODUÇÃO – FACTOS
Começarei a minha intervenção com a apresentação de alguns dados concretos, para caracterizar a pobreza em Portugal:
• segundo as estatísticas anuais, desde há muitos anos que quase 20% da população portuguesa1 é considerada pobre (segundo a definição que classifica como pobre quem vive com o correspondente a 60% do rendimento mediano nacional, ou seja, em Portugal, cerca de 380€ euros mensais por pessoa)
• no entanto, segundo o estudo coordenado pelo prof. Alfredo Bruto da Costa, publicado em 2008, sob o título Um olhar sobre a pobreza, e que analisa uma amostra de cerca de 11 600 pessoas em Portugal ao longo de 6 anos (1995-2001), o número de pobres no nosso país é muito maior. Com efeito, ao longo dos seis anos de observação da amostra, 46% das pessoas passaram pela pobreza durante pelo menos um ano. Isto significa que podemos considerar, segundo este estudo, que quase metade da população portuguesa é “vulnerável à pobreza”.
• quando olhamos para os agregados familiares que passaram pela pobreza durante o período do estudo, verificamos ainda que mais de metade deles (54%) estiveram nesta situação durante três ou mais anos. O “risco de pobreza” está portanto bastante próximo da “pobreza efectiva”.
• olhando agora para a constituição do grupo de pessoas caracterizadas como pobres, verificamos que, segundo os últimos dados do Eurostat (o organismo estatístico da
União