voa comigo maria teresa maia gonzalez
“ _ Estou à vossa espera há muito tempo! Já sei que tenho no palácio um lugarzinho à minha espera desde ontem. Rei morto, rei posto! E siga a rusga!
- O senhor vai para lá de sua livre vontade, não é verdade? – disse meu pai.
- Claro que vou. É melhor assim.
Depois suspirou fundo e disse muito baixinho:
- A Laurinda faz-me muita falta!
Tirou o lenço do bolso e começou a assoar-se.
Emocionei-me.”
A Casa das Bengalas, de António Mota, é um livro pequeno mas grande que nos faz refletir sobre algo que, segundo a ordem normal da vida, é inevitável – a VELHICE, a decadência física, a dependência, o amanhã …
O livro conta a história do avô Henrique que ficou viúvo, ao perder a sua companheira ao longo de 48 anos, Laurinda. Foi aí que começaram os seus problemas, pois tornou-se um homem só, viúvo, e com a sua filha a morar longe, num apartamento, com o marido, Aníbal, e o filho, a quem chamava Tião. A sua filha, D. Sibilina gostava muito do pai e resolveu levá-lo para viver com ela, mas as coisas não correram muito bem, pois o seu pai estava habituado a viver na aldeia, em Torna-Ô-Rego, perto da natureza, e não num apartamento, onde se sentia engaiolado. Por mais que a filha fizesse tudo para agradar o pai, este não se sentia bem na cidade, faltava-lhe a sua casa, as suas coisas. Mesmo sendo velhas e a cheirar a naftalinas eram as suas coisas. Mas, mesmo com esforço, o genro e o neto também não ajudaram a que este se adaptasse, pois estavam sempre a queixar-se, uma vez que sentem a sua privacidade invadida. Nesta situação D. Sibilina sente-se dividida entre o amor que sente pelo seu pai e os problemas que começa a sentir em casa. Ao se aperceber disso, o velho Henrique resolver ir para sua casa, sozinho. Mas não corre bem, apesar do apoio que tem da sua comadre Custódia e que é o suporte da sua filha. Depois de hospitalizado devido a problemas de velhice e subnutrição, o avô Henrique