Visconti, Luchino “O Leopardo” (Título original: II Gattopardo)

Visconti, Luchino “O Leopardo” (Título original: II Gattopardo)
A história do filme acontece nos anos 1860. A Itália passa pelo conturbado período do Risorgimento, quando se inicia a unificação do país. O filme começa justamente com o desembarque das tropas de Garibaldi na Sicília. Os rebeldes lutam pelo fim da aristocracia rural e da sociedade construída à base de benesses e privilégios.
Para entendermos melhor a revolta contra essa sociedade, basta analisar como os nobres da época levavam a vida. Para isso, podemos recorrer a frase que padre Ciccio usa para se referir a eles numa mesa de amigos: “A eles não importam coisas muito importantes para o resto dos mortais, mas lhe preocupam coisas que nós ignoramos”. A nobreza viva de excessos que, vistos de fora, pareciam absurdos e sem cabimento.
Fabrizio Salinas (o Príncipe de Salinas) capta o exato início da movimentação das estruturas sociais. Filho de aristocrata, toma consciência da chegada do novo século, ao qual ele não se via pertencer. Percebe a proximidade do fim da aristocracia que ele incorpora e personifica.
Esse novo século, que trazia consigo uma lógica inédita de transformação social e política, vinha fazer parte do mundo moderno. Outra novidade era a ideia de governo, rejeitada por Salinas: “Sou um expoente de uma velha classe e, portanto, unido ao Velho
Regime. Ainda unido a ele por decadência e afeto. A minha é uma geração de infelizes, a cavalo entre dois mundos e eu gosto de ambos. Mas estou totalmente desprovido de ilusões. Que faria eu no Senado? Não sei nada sobre legislatura e não me engano que é um requisito essencial para aqueles que querem governar os outros.”
Salinas resolve então refugiar-se com a família em Donnafugata, cidade em que costumava passar sua temporada de férias. Antes de partir, no entanto, acompanha a adesão de seu sobrinho Tancredi ao grupo garibaldino. É da sua boca que saem as palavras que fazem o Príncipe despertar para os acontecimentos: “é