Videografismo

Tudo começou no cinema norte-americano, sobretudo na década de 50. Para quebrar a monotonia da apresentação dos créditos, alguns cineastas mais ousados contrataram artistas gráficos ou mesmo artistas plásticos para desenhar a abertura de seus filmes. Em 1955, quando nos cinemas as cortinas só eram levantadas após os letreiros iniciais, Otto Preminger exigira que a arte do título de seu controverso filme The Man with the Golden Arm, estrelado por Frank Sinatra, fosse mostrada como parte da obra. A imagem, desenhada por Saul Bass, apresentava o braço de um viciado em heroína feito de papel preto cortado. Bass havia escolhido o braço pois achava um símbolo mais forte que o rosto famoso de Frank Sinatra. Essa apresentação causou uma sensação e reinventou a arte de títulos de filmes como uma forma de arte, onde o título fazia parte da experiência do filme, preparando a audiência para o que estava por vir por meio de algo altamente simbólico e evocativo. Mas a verdade é que o cinema, em razão de sua insistência na vocação realista, jamais conseguiu assimilar essas inovações gráficas e plásticas às suas próprias estruturas figurativa e narrativa e essa é a razão por que, depois de três ou quatro minutos de estonteante modernidade, por ocasião dos créditos de apresentação, os filmes retornam monotonamente a modelos dramatúrgicos e pictóricos típicos do século XIX.

O casamento da televisão com a op/pop/video/computer art foi inevitável e dele nasceu esse rebento sedutor que é o grafismo televisual, ou como soa melhore em inglês: television graphics. Enquanto o cinema foi buscar no computador basicamente recursos para simular a velha imagem realista da fotografia (os dinossauros de Spielberg ou o transatlântico náufrago de James Cameron), a televisão se deixou marcar fortemente por uma intervenção gráfica luxuriante, que acabou por se converter na sua marca distintiva. Os primeiros gráficos utilizados em televisão, até o início da década de 60, eram basicamente as