Química - Radioatividade
O reator de uma usina nuclear soviética pega fogo, explode e joga na atmosfera nuvem radioativa que espalha o medo por toda a Europa
Na manhã de segunda-feira da semana passada, os engenheiros da usina nuclear de Forsmark, a mais moderna e segura da Suécia, não acreditavam no que viam. Uma inspeção de rotina nas roupas de seus 600 funcionários indicava a presença de níveis altos de radioatividade. Só lhes podia ocorrer uma explicação: havia um vazamento de elementos químicos radioativos em algum lugar da usina. Em poucas horas começou a funcionar a engrenagem da segurança atômica sueca. Removeram-se todos os funcionários de Forsmark e, em seguida, anunciou-se aos países vizinhos, que poderiam ser atingidos pelo efeito do temido vazamento, que algo andava errado na usina. Entre os países que receberam o aviso estava a União Soviética.
Ao longo de toda a segunda-feira os suecos procuraram em vão pelo vazamento de Forsmark, até que começaram a suspeitar de que, se algo acontecera errado, isso se dera em outro país. Voltaram aos russos e, em Moscou, o embaixador da Suécia indagou se não ocorrera algum vazamento numa usina soviética. Não, foi a resposta. Essa negativa manteve-se durante 6 horas, até que, à noite, quando uma nuvem de radioatividade já fora detectada também na Finlândia, Noruega e Dinamarca, o governo soviético admitiu: ocorrera um acidente num dos cinqüenta reatores em operação no país - o da usina de Chernobyl, nas vizinhanças de Kiev, a terceira maior cidade da URSS, a 1.100 quilômetros da Suécia. A partir daí a Europa começava a viver dias de medo ao mesmo tempo em que o mundo se dava conta, aos poucos, dos detalhes do maior acidente nuclear de todos os tempos.
Em poucos dias, a nuvem radioativa estendeu-se por toda a Europa Central, atingindo a Suíça, o norte da Itália e batendo, na sexta-feira, sobre uma parte da Inglaterra. Carregada de iodo, césio e estrôncio radioativos, ela cobriu uma distância de 3.100 quilômetros,