vida
Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, e depois perdem o dinheiro para a recuperar. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido…
Se, depois de eu sair [da prisão], um amigo meu desse uma festa e não me convidasse, eu não me importaria nada. Sou perfeitamente capaz de ser feliz sozinho. Tendo liberdade, livros, flores, e a lua, quem poderia não ser feliz? Além disso, já não estou muito para festas. Já avancei demasiado para me preocupar com elas. Esse lado da vida acabou para mim, e atrevo-me a dizer que ainda bem. Mas depois de eu sair, um amigo meu tivesse uma dor, e se recusasse a permitir-me partilhá-la com ele, senti-lo-ia com muita amargura. Se ele me fechasse na cara as portas da casa do luto, eu voltaria uma vez e outra e pediria para ser admitido, para poder partilhar aquilo que tinha o direito de partilhar. Se ele me achasse indigno, incapaz de chorar com ele, senti-lo-ia como a mais pungente humilhação, como o mais terrível modo de a desgraça me ser infligida. Mas isso nunca aconteceria. Eu tenho o direito de partilhar a Dor, e aquele que é capaz de olhar para os encantos do mundo, e partilhar a sua dor, e compreender um pouco a maravilha de ambos, está em contacto directo com as coisas divinas, e chegou tão perto do segredo de Deus quanto alguém pode