1 - VIDA E OBRA DE ESPINOSA Baruch Espinosa nasceu Amsterdã em novembro de 1632. Era filho de família judia portuguesa que emigrou para a Holanda. Sua família queria que fosse rabino. Deste modo estudou línguas, física e geometria, mas acabou descobrindo a filosofia a partir da leitura de Descartes. Foi expulso da comunidade judaica por pensar livremente, passando sua vida a polir lentes. Convidado para lecionar Filosofia na Universidade de Heidelberga, Espinosa respondeu que isto o levaria a renunciar a contribuir para o progresso da filosofia, uma vez que teria de se ocupar em instruir a mocidade e que não saberia os limites que teria de pôr a liberdade de pensamento em relação à religião estabelecida. Vivia só, recatado, mas seu nome tornara-se célebre. Era um homem simples e bom e que apesar de sua pouca saúde, vivia feliz. Considerava a liberdade de consciência e política como bens preciosos. Foi acusado de ateu por buscar, à luz da razão, os fundamentos da verdadeira religião. Entretanto apresentava como prova de sua religiosidade a vida simples e sóbria, recusando honras e glórias. Espinosa dizia que a maioria dos homens eram maus, porque desejavam honras e dinheiro e que ficavam tristes com a felicidade alheia e só se sentiam felizes quando os seus semelhantes sofriam. Assim nasce a inveja, o ódio, as calúnias, as guerras e todo tipo de violência. Os homens são infelizes porque se ligam “as coisas caducas” que aparecem na vida e lhes são tiradas pelo curso dos acontecimentos; não preservam a felicidade, pois têm medo de perdê-la e, por isso, sua existência está cheia de tristeza. As religiões são quase sempre para o homem fonte de temor e tristeza, pois incutiram nele que Deus é mau e temível e que se alegra com suas lágrimas. O homem só pode encontrar Deus nos livros sagrados porque já o tem dentro de si mesmo. Temos de usar a razão para procurar o espírito de Deus em nós e conseguirmos salvar-nos. É pela filosofia que nos salvaremos.