VIDA roteiro
Certo dia me questionei sobre o porquê de nunca ter conhecido a terra de Vida. Mais, por que não empreender essa jornada ao lado dela? Decido registrar em imagens essa viagem física e objetiva. A intenção inicial é realizar algo próximo de uma cinebiografia, entrevistá-la, acompanhar seus passos por lugares um dia familiares, registrar seus encontros e reencontros com os ecos do passado.
Recorro a dispositivos em busca de emoção: levo minha avó por lugares marcantes de sua vida brasileira, do porto de Santos, onde desembarcou mais de 70 anos atrás, ao bairro do Ipiranga, na casa onde viveu por tantos anos. Reunidos, ela, eu e nossa família, assistimos velhos filmes em super-8, vemos fotografias, lemos cartas, dedicatórias e poemas que ela conserva até hoje em um Livro de Lembranças. E fazemos a viagem a Eslovênia. Mas o conforto em sentir-me no controle de tempo, espaço e fluxo de recordações se desfaz durante o processo. Isso leva a questionamentos meus como diretora e como pessoa próxima à personagem-chave do filme. Percebo ter, involuntariamente, disparado em todos um turbilhão de sensações e lembranças. Essa dimensão movediça perpassa o processo e é incorporada ao filme.
A verdadeira jornada se