Vida Gemida em Sambambaia
Fontes Ibiapina, um dos nossos mais fecundos escritores, podemos dizer que também do Nordeste e do Brasil, é praticamente o fundador de uma prosa diferenciadora, no Piauí, aquela que marca a nossa consciência literária. Ele enquadra nas suas obras um mundo sertanejo, onde tudo é identificado no sertão nordestino, tanto a linguística, como os cenários políticos e sociais, principalmente a cultura. Foi o escritor piauiense que primeiro e melhor fez um trabalho genuinamente de recriação estilística da língua, na prosa dos primeiros anos da década de 50 do século XX, resultando uma linguagem literária própria.
"Chão de Meu Deus", de 1958, e "Curral de Assombrações", de 1985, são dois livros fantásticos, indiscutivelmente de alto nível. Os demais, quase todos também o são, ora pelo trato literário, ora pela pesquisa de linguagem, ditados, folclore, usos e costumes de um tempo que já vai distante, mas nem por isto desimportante.
A resenha refere-se ao livro Vida Gemida em Sambambaia, o livro que Fontes gastou mais tempo, pois foi o único que ele reescreveu depois de escrito. É sua obra mais bem elaborada.
A história se passa em 1932, em Sambambaia, na cidade de Picos. Um ano em que há uma seca imensa, comparada pelos moradores a de 1915. Pois a chamada, “chuva-dos-cajus” não acontece. E a falta dessa chuva é um sinal de que não haverá chuva no ano. Mas, a esperança dos moradores não acaba, passa-se os dias e eles ficam esperando a chegada da chuva. E ela não chega nem no Natal, e nem em Janeiro. E de acordo com Fontes Ibiapina, ela não virá (1998, p.14): “Sinal de