viagens na minha terra
Entre seus livros, Viagens na minha terra é uma obra fundamental por mesclar dois elementos. De um lado, há a narração em torno de uma viagem verdadeira realizada pelo autor entre Lisboa e Santarém. Por outro, é contada uma história de amor envolvendo Carlos, filho do Frei Dinis, que acaba por trair Joaninha, “a menina dos rouxinóis”, que morre louca.
Publicada em 1846, Viagens na minha terra, justamente por proporcionar a mistura de realidade e ficção, é considerada por diversos críticos o marco inicial da moderna prosa portuguesa. A mescla de estilos, gêneros e linguagens, ora tendendo para o jornalístico ora para o popular e oralizante, foi um passo importante para se libertar da tradição clássica e caminhar rumo a autores como Eça de Queirós.
Outro fator fundamental está na análise de Portugal que Almeida Garrett realiza. Frei Dinis representa aspectos do Portugal absolutista e tradicional, enquanto Carlos, em diversos pontos de vista, aponta para um espírito mais liberal e renovador. Nesse aspecto, a infelicidade de Carlos é a de um país ainda partilhado por uma guerra civil entre os partidários de D. Miguel e os liberais.
De qualquer modo, não se pode negar a Garrett a importância como artista da palavra que não se limitou a um gênero num mesmo texto. O cruzamento realizado entre a história da viagem e a narrativa de amor dá-lhe um local de destaque não só como principal voz romântica portuguesa, mas como alguém em busca de novos paradigmas de escrita em sua época.
A obra é composta por dois eixos narrativos bem distintos. No primeiro, o narrador conta suas impressões de viagens, intercalando citações literárias, filosóficas e históricas das mais diversas, com um tom fortemente subjetivo e repleto de digressões e intertextualidades. Dentre as referências literárias, podemos levantar citações a Willian Shakespeare, Luis de Camões, Miguel de Cervantes,Johann Goethe e Homero. Já dentre as citações históricas e