VERISSIMO E A POL TICA
As incertezas sobre o cenário político pós–manifestações populares não chegam a tirar o sono do escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo, mas o têm angustiado. “A desmoralização da política e dos políticos deve preocupar a todos, porque a falência da política é a falência da democracia”, afirma. Um dos maiores cronistas do Brasil e criador de notáveis personagens, como Dora Avante e o Analista de Bagé, ele mantém há cinco décadas um olhar crítico sobre o País e, aos 76 anos, seu senso de humor permanece intacto. Verissimo afirma que, se fosse às passeatas, não deixaria de reivindicar “carona da FAB para todo mundo” e que carregaria um cartaz com a inscrição “Pra que lado fica a Bastilha?” Depois de ter passado 24 dias internado num hospital com infecção generalizada, no fim do ano passado, e outros três com dores no peito, em março, Verissimo divide com Lucia, sua mulher há mais de 30 anos, a rotina de escrever semanalmente para três jornais. Para o escritor Luis Fernando Verissimo, o Brasil tem em mãos uma oportunidade de dar exemplo aos EUA: “Se vier uma reforma eleitoral teremos a satisfação, boba, mas bem-vinda, de termos feito uma revolução que, pelo menos desta vez, não imitou uma americana, antes a melhorou.
Ele defende o fim das doações privadas para campanhas e diz que “coibir e criminalizar a farra já será um progresso”.
Segundo Verissimo, “os maiores interessados em que não vingue uma reforma eleitoral são os que têm acesso aos bolsos mais fundos da nação, e têm mais a oferecer na defesa dos interesses dos maiores pagadores”. Andressa Conceição Medeiros