Venter
Estamos falando de John Craig Venter. As últimas manchetes que o geneticista americano produziu foram no mês passado, quando anunciou a publicação de seu próprio genoma, ou seja, todos os 6,4 bilhões de “letras genéticas” que compõem seu DNA na seqüência certinha. Era a primeira vez que alguém decifrava o genoma de um ser humano usando como base um único indivíduo. Algo parecido já tinha sido feito em 2003, por um consórcio internacional de laboratórios, após 13 anos de pesquisas. Só que o trabalho deles descrevia apenas metade do DNA humano, e com amostras tiradas de várias pessoas. O trabalho de Venter, então, é o mais completo da história nessa área. O que antes era rascunho virou arte-final.
Não foi por acaso. Venter é o mesmo sujeito que, lá nos anos 90, disse que o caminhão de dinheiro público despejado pelas nações (principalmente EUA e Reino Unido) no tal consórcio de institutos para decifrar o genoma era um desperdício. Na época, essa turma estava consumindo bilhões de dólares para extrair e colocar em ordem as letrinhas químicas que compõem os textos (ou seja, os genes) contidos no DNA. Juntos, eles formam o manual de instruções de como construir uma pessoa. A tarefa do consórcio era fundamental: quanto mais aprendermos sobre o genoma, maior será nosso poder sobre a vida. E sobre a morte. Se soubéssemos quais são todos os genes ligados ao câncer, por exemplo, te-ríamos mais munição para lutar contra a doença. Bom, no meio desse oba-oba, Venter alertava: dá para fazer a mesma coisa de forma mais eficiente, e por muito menos.
Quando olharam torto para ele, o jeito foi provar. Financiado por capital privado, Venter ajudou a criar a