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A primeira cena de Fahrenheit 11/9 é extremamente emblemática. Nela se mostra Al Gore, candidato democrata nas eleições presidenciais americanas de 2000, comemorando sua suposta vitória junto com artistas consagrados, com direito a fogos de artifícios e todas as parafernálias pirotécnicas dignas do encerramento de uma tarde na Disneylândia. Em meio a isso, Michael Moore lança a pergunta: “Será que isso foi um sonho?” . Este questionamento resume boa parte do posicionamento político de Moore, e anuncia o que está por vir nas próximas horas do documentário.
Fahrenheit 11/9 é um documentário bastante rico, no qual se resgata toda a trajetória da presidência de Bush: aborda desde a manipulação nas eleições de 2000 que terminam por instituí-lo como presidente, as mentiras usadas pelos falcões de Washington para conseguir realizar a ofensiva imperialista no Iraque, a histeria em torno de possíveis ataques terroristas criada pelo governo, até a manipulação na cobertura da guerra por parte da mídia.
Assim como a situação internacional atual, o documentário é repleto de imensas contradições. Sem dúvida expressa e dialoga com um sentimento de repúdio para com os falcões de Washington e sua política militarista de rapina. Nas salas de cinema em que é exibido é comum ouvir vaias do público dirigidas a Bush e aos seus aliados. É nessas vaias que se mostra o verdadeiro encanto de Fahrenheit 11/9, que mais do que nas sequências bem editadas, ou nos jogos de câmera, se desprende do fato de que o filme é um veículo para que volte a se expressar, nos mais diversos países, o sentimento anti-guerra que uniu as massas nas ruas em 2003.
O discurso “anti-Bush” é construído através de uma narrativa ágil e eficaz, embora traga como pano de