Vargas
Parte desse contexto, a educação nacional, entendida aqui como uma superestrutura, também vai sendo transformada sob as determinações fundamentais estabelecidas pelas mudanças na formação social brasileira. Com efeito, é precisamente a partir da Revolução de 1930, que a educação começa a ser reconhecida, inclusive no plano institucional, como uma questão nacional, posto que somente no contexto da Era Vargas, o Brasil passa a efetivamente enfrentar os problemas próprios de uma sociedade burguesa moderna. Em outras palavras, as transformações no modo de produção acabam por transformar todo o edifício social, inclusive a educação.
As idéias dominantes de uma época nada mais são do que as idéias das classes dominantes, isto é, a expressão das relações (sociais, econômicas, políticas) de sua dominação. Essa proposição absolutamente correta demanda, contudo, dois aprofundamentos.
Primeiramente, é preciso ter claro que a visão social do mundo burguesa não é imutável ou arbitrária. Pois, como as idéias dominantes emergem necessariamente das relações materiais de produção e reprodução da vida humana, então, como as relações materiais alteram-se, também se metamorfoseiam as idéias em geral e as idéias pedagógicas em particular.
Em segundo lugar, o arcabouço ideológico produzido pelas classes dominantes não é transmitido automaticamente ao conjunto da sociedade. Ao contrário, é preciso um longo e cuidadoso trabalho de educação, isto é, de convencimento das classes dominadas que, se passa pela escola, a ultrapassa em muito. Esse processo é denominado de hegemonia. Nesse sentido, toda relação hegemônica é necessariamente uma relação pedagógica, o que demanda necessariamente