vanguardas
Introdução
Ao longo da história brasileira, inúmeras foram as mulheres que se mantiveram distantes dos padrões de comportamento considerados "normais" ou "comuns" por parte de uma elite social normativa e conservadora1. A própria miscigenação do país e as variadas normas de conduta atribuídas às diferentes etnias e camadas sociais que vieram a constituir o povo brasileiro, contribuíram para a existência de inúmeros, e por vezes contraditórios, padrões de comportamento. Não poucas foram as mulheres que lutaram contra a situação de inferioridade e discriminação "próprias ao seu sexo", buscando maior autonomia e aceitação. Assim, já é possível verificar no final do século passado a existência de um grupo de mulheres liderado por Josefina Alves de Azevedo e Nísia Floresta Brasileira Augusta que, apesar de não terem organizado nenhum movimento visando a emancipação da mulher no Brasil, tiveram grande e importante atuação literária, divulgando idéias de emancipação feminina [BEM98, p.1]. Nascida no Rio Grande do Norte, Nísia dedicou-se ao magistério, fundando no ano de 1838, no Rio de Janeiro, um colégio exclusivo para educação de meninas. Além de reivindicar a abolição da escravatura, defendeu o direito da mulher à educação, à profissionalização e ao exercício dos seus direitos civis e políticos. De igual forma registrou-se no Rio Grande do Sul de 1837 a luta de Ana Barandas que defendia a participação política da mulher e a igualdade entre os sexos, denunciando a opressão masculina como causa dos defeitos femininos. Encontramos ainda no final do século XIX uma emergente imprensa feminina dedicada às questões de emancipação da mulher brasileira, sendo que o Brasil foi o país latino-americano onde houve maior desempenho do jornalismo feminista [TEL93, p. 33]. O Jornal das Senhoras (RJ- 1852); OBelo Sexo (1862); O sexo Feminino (MG/RJ - 1873); O Domingo (RS