Value At Risk
UTILIZANDO O VALUE AT RISK (VaR)
Paulo Horta*
A Rainha de Inglaterra acordou no dia 26 de Fevereiro de 1995 com a notícia de que o Barings
PLC, um grande banco com 233 anos de idade, havia caído em bancarrota. Aparentemente o grande desastre deveu-se a um único homem, Nicholas Leeson, que perdeu 1,3 biliões de dólares nos negócios com derivados. Esta perda, causada pela grande exposição no mercado à vista japonês devido às posições tomadas em futuros, arrasou por completo com o capital do banco. Leeson, responsável pela negociação do Barings Futures em Singapura, acumulou posições em futuros sobre o índice Nikkei 225 de tal forma que as posições especulativas do banco nas praças de Singapura e Osaka ascendiam à espantosa quantia de 7 biliões de dólares. O
Barings Futures sofreu grandes perdas nos dois primeiros meses de 1995, com a queda de mais de 15% do mercado. À medida que as perdas se acumulavam, Leeson aumentava a exposição do banco na crença de que o mercado iria inverter a tendência de queda. Incapaz de realizar os pagamentos devidos às contrapartes dos seus negócios, Leeson fugiu no dia 23 de Fevereiro, três dias antes da bombástica notícia.
Este foi um dos casos recentes mais famosos de grandes perdas causadas pelos negócios nos mercados de capitais que avivou a necessidade de quantificar e controlar a exposição das carteiras aos riscos de mercado. A partir daqui uma nova ferramenta de cálculo de exposição de carteiras aos riscos de mercado começou a desenvolver-se e a expandir-se rapidamente pelas instituições do mundo inteiro: o value at risk (VaR).
O objectivo deste trabalho é mostrar a utilidade do VaR na avaliação do risco das carteiras de uma forma muito simples e recorrendo a exemplos. É claro que não basta calcular o VaR para evitar casos como o do Barings, até porque Leeson controlava não só a negociação como também a contabilidade e o reporting das suas actividades, contudo pode dar-nos