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PERDER A MAJESTADE: “PROFISSÕES IMPERIAIS”
NO BRASIL
Hustana Maria VARGAS*
RESUMO: Esse artigo discute a inserção particular das chamadas profissões imperiais – Medicina, Direito e Engenharia – em nosso país, destacando elementos de sua constituição e da situação atual dessas carreiras em um momento de inflexão na política educacional para o ensino superior no Brasil. Sobre esse ponto, indaga: a expansão de vagas verificada atualmente no ensino superior alteraria sua posição de destaque? Essa questão é examinada a partir do perfil socioeconômico dos futuros profissionais dessas áreas, em comparação com o de outras carreiras. Por fim, levanta a questão da hierarquia de carreiras em sua expressão de mercado, bem como na diferenciação e hierarquização interna do próprio campo do ensino superior.
PALAVRAS-CHAVE: Sociologia das profissões. Ensino superior.
Introdução
Medicina, Direito e Engenharia são as nomeadas profissões imperiais em nosso país (COELHO, 1999). Como tal, historicamente produziram práticas monopolísticas que reforçaram suas posições de prestígio e estabeleceram barreiras frente às demais profissões. Os ares republicanos teriam modificado a estrutura sócio-profissional dessas carreiras, de forma a afetar sua distinção e o imaginário sobre elas? Esse artigo discute alguns aspectos da constituição e a situação atual dessas carreiras em um momento de inflexão na política educacional para o ensino superior no
Brasil. Esse ponto é destacado na medida em que acreditamos que a produção e a
* UFF – Universidade Federal Fluminense. Centro de Estudos Sociais Aplicados. Niterói – RJ – Brasil.
24210-350. E-mail: hustana@gbl.com.br
Estudos de Sociologia, Araraquara, v.15, n.28, p.107-124, 2010
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Hustana Maria Vargas
reprodução da distinção destas profissões conjugam fatores endógenos e exógenos ao processo de formação profissional nos cursos superiores correspondentes. Assim sendo, discutimos:
1. a inserção particular dessas