Vacina recombinante
Histórico
A proteção contra doenças infecciosas através do uso de vacinas representa uma enorme, senão a maior, realização da medicina. A vacinação envolve deliberada exposição ao antígeno em condições onde não deve resultar doença. Primeira tentativa humana de manipular o sistema imunitário, expondo-se a microorganismos infecciosos, a fim de desenvolver imunidade.
A imunoproteção ativa (imunoprofilaxia) pode resultar de uma exposição natural, não intencional ou deliberada ao agente infeccioso ou aos seus componentes. Isso foi evidenciado pelos antigos habitantes da Ásia, que, intencionalmente, expunham pessoas às crostas e líquidos e lesões da varíola. Essa prática, conhecida como variolação, foi introduzida na Inglaterra e nas suas colônias americanas em 1721. A proteção contra varíola era dependente da presença dos antígenos virais nas lesões. A preparação bruta assegurava a presença do vírus ativo em concentração suficiente para produzir varíola, de forma que alguns indivíduos morreram com a doença. Como resultado disso, essa prática foi logo abandonada no Ocidente.
Mais tarde, no século XVIII, foi observado que ordenhadoras que eram expostas ao vírus da vacínia, uma doença bovina, pareciam escapar da infecção pelo vírus da varíola. Jenner, um médico inglês, demonstrou que a administração, em seres humanos, de linfa de uma vaca com vacínia resultava em proteção para os mesmos contra a varíola. Essa proteção cruzada evidencia que os vírus da varíola e vacínia compartilham antígenos, os quais podem induzir a uma resposta imune protetora.
Quase um século mais tarde (1879), Roux, trabalhando no laboratório de Pasteur, demonstrou que a bactéria que causava cólera em galinhas ou antrax podia ser enfraquecida (atenuada) por certas práticas de cultivo em laboratório, de forma que ela não conseguia mais causar a doença, mas ainda permanecia suficientemente antigênica para induzir imunidade. Pasteur e