una mierda para ti
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18/08/2010
(Sem título. Sobre ‘Cem Anos de Solidão’)
Quando, em abril de 2009, Gabriel Garcia Márquez (laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1982) declarou que não mais se iria prestar à publicação, muitos interpretaram que o escritor havia desistido das palavras e declararam-no aposentado. O colombiano, porém, rapidamente voltou à imprensa para dizer que das palavras ele nunca se desvincularia, pois escritor ele era e o seria até o fim de seus dias. Para aqueles que acreditaram que, depois desse episódio, Gabo, como é conhecido pelos amigos, não mais frequentaria as páginas de nossa imprensa, a biografia Gabriel Garcia Márquez: Uma Vida do inglês Gerald Martin provou o contrário. Para alguns, essa biografia veio para mostrar o lado obscuro da vida pública do escritor e a polêmica amizade com o ditador Fidel Castro. Ainda que esse tema tenha sido o que apareceu com destaque na maioria das revistas, sempre vinha acompanhado de uma citação, ou referência a Cem Anos de Solidão (livro lançado em 1967), tamanha é a sua influência para a literatura.
Comparada em importância para a língua espanhola a Dom Quixote de La Mancha de Miguel de Cervantes, a obra máxima de Gabo consolidou o autor e o estilo conhecido como realismo mágico, ou realismo fantástico. Ao lado de nomes como Jorge Luiz Borges, Julio Cortazar, Carlos Fuentes e Izabel Allende, Gabriel Garcia Márquez explorou em alguns de seus romances e contos elementos como misticismo, religiosidade, folclore e magia, mostrando o estranho como algo cotidiano e comum. A pretensão desses autores era dar verossimilhança interna ao fantástico e ao irreal, objetivo que podemos dizer ter sido atingido em Cem Anos de Solidão. Nessa obra, a descoberta do gelo é, para os personagens, tão possível quanto os fantasmas que rondam a casa e o cheiro de morte que escapa de uma cova concretada, ainda que os surpreenda.
Cem Anos de Solidão narra, ao longo das quase