Uma “desvisão” da sociedade contemporânea em Ensaio Sobre a Cegueira
1241 palavras
5 páginas
ARTIGONome: SANDRO MORAES e SÍLVIO NUNES
Curso: LETRAS – Licenciatura em Português e Espanhol
3° Semestre
Teoria Letarária II – Profª Ana Boécio
Uma “desvisão” da sociedade contemporânea em Ensaio Sobre a Cegueira
“Diz-se a um cego, Estás livre(...)”. Atenção! Feche os olhos, pois se cerraram as cortinas, a peça acabou e o mundo de pesadelos que vistes até agora acordou. Teus olhos foram sempre tão mentirosos... Prepare-se para o ensaio. Nada melhor para um cego maduro e novato que praticar a vida como ela tem sido sem saber. Esta é nossa perspectiva de análise do romance Ensaio sobre a cegueira, publicado em 1995, pelo escritor José Saramago.
“(...)abre-se-lhe a porta que o separava do mundo, Vai, estás livre, tornamos a dizer-lhe(...)”. Bisturí e lápis na mão, e lá vamos nós fazer um recorte neste emaranhado de tudo, que é a obra de Saramago. Não nos responsabilizamos pela morte do paciente. Ainda mais quando se trata de cegos operando literatura - tão viva quanto o próprio homem. Eis o preço da liberdade: as consequências.
“(...)e ele não vai, ficou ali parado no meio da rua, ele e os outros, estão assustados, não sabem para onde ir,(...)” Sociedade. O que é sociedade? Segundo Karl Marx e Friedrich Engels em A Ideologia Alemã, a sociedade humana, “verdadeiramente” constituída, passa a existir quando os seres começam a produzir seus meios de existência e, portanto, essa exteriorização é que fundirá os homens. A partir daí podemos traçar uma perspectiva sociológica do romance, no qual o surto de cegueira branca passa a ter uma dimensão muito maior que uma simples epidemia. A cegueira que afeta os personagens seria um mal social. Para Marx e Engels é o exterior que aproxima os homens para a convivência em sociedade, todavia, como diz aquela música: “a gente não quer só comida...”. Há na sociedade contemporânea uma sede interior que nem uísque escocês pode matar. O vazio existencial humano é marca profunda no texto de Saramago. O Homem moderno