Uma análise das sensações ao ler a peça O Pai, de August Strindberg
Estevan de Negreiros Ketzer
Só se conhece uma vida, a sua própria.
August Strindberg
... tu somente és teu próprio inimigo.
Tirésias para Édipo
... aquele que por seu saber precipita a natureza no abismo da destruição há de experimentar também em si próprio a desintegração da natureza.
Friedrich Nietzsche
1 Introdução: o sentido do trágico na modernidade
August Strindberg (1849 – 1912), dramaturgo sueco, inspirando-se em elementos autobiográficos. O autor trabalhou elementos do trágico em suas peças, dizendo encontrar prazer em viver nos conflitos duros e cruéis da vida e saber alguma sobre eles... saber alguma coisa sobre si. Creio ser este um elemento importante na análise da peça O Pai, escrita em
1887, pois a literatura do tipo autobiográfica não é uma simplista coincidência axiológica entre a vida do autor e sua obra, mas antes a manifestação de uma atividade pulsional inominável, ato que gira em torno da dor que por vezes se perde.
Creio ser este um elemento importante na análise da peça O Pai, escrita em 1887, pois a literatura do tipo autobiográfica não é uma simplista coincidência axiológica entre a vida do autor e sua obra. Tão pouco é um reducionismo crer que esta pode estagnar o campo do pensamento ficcional. Pelo contrário, esse tipo de escrita é antes um modo de conhecimento de uma experiência humana para o próprio humano enquanto singularidade. É acerca deste estudo que o homem moderno deseja concretizar a vida pela expressão da arte dramática, esta sempre relação ao psiquismo. Assim, sendo a arte uma importante referência para o conhecimento humano, este trabalho procura pelo referencial psicanalítico compreender como se dão os conflitos psíquicos que a escrita dramática moderna gera. Escrita tanto como expressão do sujeito quanto manifestação cultural.
2 O Trágico: do antigo ao moderno
Na tragédia o homem quer conhecer a si próprio, mas só o pode