Uma análise crítica do filme intocável sob a perspectiva do processo de luto
Cacau Karaiba
A obra cinematográfica: Intocáveis, é baseado em uma história real. O filme faz referência ao processo de luto, trazendo elementos que alavancam essa discussão de forma direta, mas também é permeado de outros fenômenos sociais nos quais se destacam a dualidade entre o rico e o pobre, o negro e o branco, o erudito e o popular, o saudável e o doente. É nesse contexto social com diversas contradições que a trama se desenvolve.
O milionário Philippe (François Cluzet, após o acidente de para-pente, torna-se tetraplégico, necessitando de um cuidador, para poder auxiliá-lo nas atividades do dia-a-dia. A sua busca por alguém que pudesse ajudá-lo não se limitava aos requisitos essenciais para realização de tal tarefa, ele queria, além disso, alguém que pudesse proporcioná-lo uma condição de vida mais digna, que quebrasse essa redoma que envolve os cuidados ao doente e que despersonaliza o sujeito, o excluindo de uma interação social, restando apenas uma vida usurpada pelo tédio.
Fugindo dessa forma padrão de cuidados, Philippe busca alguém que possa auxiliá-lo, mas, sobretudo, animá-lo. Em meio a vários candidatos que foram selecionados, ele escolhe Driss (Omar Sy) que está em regime condicional e se candidata ao cargo apenas para poder comprovar que está procurando um emprego e ficar recebendo seus benefícios.
O processo de luto que Philippe estava passando, não foi o único citado no filme, uma vez que ele trouxe para o seu cuidador a lembrança do seu acidente interligado à perda de sua esposa. Ele relata que, ao saber que a esposa estava acometida por uma enfermidade terminal, aos poucos passou a perder o encanto pela vida, nesse sentido afirma Melo (2004, p. 4): “pode-se considerar que quanto mais forte for o laço estabelecido entre duas pessoas, maior será o impacto e sofrimentos