Um rosa que faz corar O Estado de S
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O ESTADO DE S. PAULO
QUARTA-FEIRA, 21 DE JANEIRO DE 2015
Literatura
FOTOS DIVULGAÇÃO
Compilação de 4 livros da escritora brasileira traz temas que vão do obsceno ao escatológico
OS LIVROS
● O Caderno Rosa de Lori
Lamby
Romance em primeira pessoa em que Lori Lamby, uma menina de 8 anos, relata suas experiências sexuais com adultos, em troca de dinheiro. Seu caderno rosa é inspirado na experiência do pai, escritor em crise, de escrever pornografia
Wilson Alves-Bezerra
ESPECIAL PARA O ESTADO
● Contos D’Escárnio –
Contos Grotescos
A Editora Globo, através de seu seloBibliotecaAzul,acabadelançar Pornô Chic, um livro de capa dura em diferentes tons de rosa.
Contrariamenteàprimeiraassociação que título e programação visual sugerem, não se trata de maisumexemplar da longasérie de textos em voga atualmente, como a trilogia Cinquenta Tons de Cinza, da inglesa E. L. James ou da série Toda Sua, de Sylvia
Day –, todos pertencentes a uma categoria mercadologicamente alcunhada de pornô soft: livros supostamentedirigidosaopúblico feminino, com a finalidade de produzir certo grau de excitação sexual em histórias eróticas de fundo conservador.
O Pornô Chic em questão consiste numa compilação de quatro livros da escritora brasileira
Hilda Hilst (1930-2004), de temática que varia do obsceno ao escatológico, publicados entre os anos de 1990 e 1992, e que representaram um momento de corte na obra da escritora: O Caderno Rosa de Lori Lamby (1990),
Contosd’Escárnio–TextosGrotescos (1990), Cartas de Um Sedutor
(1991)eBufólicas(1992).Sãonarrativas e poemas em que a autora, até então tida como hermética e críptica, se lança a um diálogocomaliteraturalicenciosa:há relações incestuosas, pedofilia, prostituição e uma sexualidade concebidaparaalémdasconvenções burguesas. As obras dialogam com a tradição da fábula, com a obscenidade do século 18, e trazem referências a Daniel
Schereber, Sigmund Freud,
Emil Michel Ciorán, Albert Camus, Mishima,