Um discurso sobre as ciências
Boaventura de Sousa Santos uma sociedade de comunicação e Estamos a doze anos do final do século interativa libertada das carências e XX. Vivemos num tempo atônito que ao inseguranças que ainda hoje compõem debruçar-se sobre si próprio descobre os dias de muitos de nós: o século XXI que os seus pés são um cruzamento de a começar antes de começar. Por outro sombras, sombras que vêm do passado lado, uma reflexão cada vez mais que ora pensamos já não sermos, ora aprofundada sobre os limites do rigor pensamos não termos ainda deixado de científico combinada com os perigos ser, sombras que vêm do futuro que ora pensamos já sermos, ora pensamos nunca cada vez mais verossímeis da catástrofe ecológica ou da guerra nuclear fazem-nos virmos a ser. Quando, ao procurarmos temer que o século XXI termine antes de analisar a situação presente das ciências começar. no seu conjunto, olhamos para o passado a primeira imagem é talvez a de que os Recorrendo à teoria sinergética do físico progressos científicos dos últimos trinta teórico Hermann Haken, podemos dizer anos são de tal ordem dramáticos que os que vivemos num sistema visual muito séculos que nos precederam — desde o instável em que a mínima flutuação da século XVI, onde todos nós, cientistas nossa percepção visual provoca rupturas modernos, nascemos, até ao próprio na simetria do que vemos. Assim, olhando século XIX — não são mais que uma a mesma figura, ora vemos um vaso pré-história longínqua. Mas se fecharmos grego branco recortado sobre um fundo os olhos e os voltarmos a abrir, preto, ora vemos dois rostos gregos de verificamos com surpresa que os grandes perfil, frente a frente, recortados sobre cientistas que estabeleceram e mapearam o campo teórico em que ainda um fundo branco. Qual das imagens é verdadeira? Ambas e nenhuma. É esta hoje nos movemos viveram ou a ambigüidade e a complexidade da trabalharam entre o século XVIII e os situação do