Um breve comentário acerca da obra: Reflexões sobre a imitação das obras gregas na pintura e na escultura.
Winckelmann inicia seu texto afirmando que o bom gosto começou a se formar, antes de tudo, na Grécia. O bom gosto peculiar garantiu à Grécia monumentos de beleza grandiosa, de tal modo que a única maneira de se produzir obras artísticas, do mesmo ou de maior nível, é ir às fontes. Citando o autor: ‘’As fontes mais puras da arte estão abertas: feliz quem as encontra e sorve.’’ (Winckelmann, p. 39).
O anseio em buscar na cultura clássica, principalmente a grega, as fontes para a produção das obras de semelhante beleza, é a marca do período no qual Winckelmann está envolvido, a saber, o Neoclassicismo. Esse movimento que ocorreu após o Renascimento consistia em reproduzir, no campo das artes visuais, a estética grega que já havia ocorrido em outros campos das artes, contudo, ainda não havia chegado às artes visuais. Eis o fito neoclassicista: ‘’O único meio de nos tornarmos grandes e, se possíveis, inimitáveis, é imitar os antigos.’’ (Winckelmann, p. 40). O autor irá nos dizer que aquele que conhece a imita as obras gregas encontra nelas mais do que a mais bela natureza encontrará também a beleza ideal, ensinada no diálogo Timeu de Platão.
Timeu é o diálogo base do neoplatonismo de Plotino. Este novo platonismo dava primeiro platonismo um caráter mais místico. Foi pelo neoplatonismo que Winckelmann foi influenciado. Nesse diálogo, há a figura do Demiurgo que forma o mundo a partir de um substrato. Ele dá forma à matéria informe, cria o cosmo a partir do caos, ordena o universo. Todas as formas discutidas no platonismo, na concepção de Plotino, estão no pensamento do Demiurgo. Para os gregos a noção de beleza está ligada à ordem e vice-versa. O que é ordenado é também belo. Portanto, a criação do cosmo a partir do caos é uma obra de arte. Por trás desse cosmo há uma unidade que não se percebe, de tal modo que a arte é uma repetição da ordem que nos conecta