“Um autor como Gregório de Matos só pode ser lido e compreendido a partir de seu tempo, e das convenções estéticas que o produziram, embora permaneça atual o desafio crítico que sua obra propõe.”
A precisão e aspereza da ironia presente nos poemas, atribuídos a Gregório de Matos, traz características profundas no modo como decodificava as relações sociais no século XVII. É Formidável como essas características parecem se enquadrar perfeitamente na contemporaneidade. Para compreender a posição do poeta, e referenciá-lo como expressão brasileira do Barroco - estética predominante na época em que sua obra foi produzida, faz-se necessário situar o poeta ao seu tempo. A época do Barroco, desenvolveu-se, principalmente, durante a preeminência do açúcar como fonte de renda pública, concentrando-se em Pernambuco e Bahia, totalizando mais de um século e meio (1601-1768). Os poemas satíricos de Gregório de Matos, constituem de manifestações críticas à sociedade brasileira, apontando falhas e a ninguém perdoando: os colono, os índios, os negros, os brancos, a corrupção das autoridades policiais e militares, a libertinagem do clero, a farsa dos políticos, corrupção da administração da capital; enfim, sua crítica à sociedade de sua época atingia a tudo e a todos, independentemente da posição social que ocupavam, assim como as contradições do sistema colonial imperante no país. O intuito de Gregório não era moralizar os costumes, porque não era exemplo para sociedade, com a vida boêmia e desregrada que vivia.
Os poemas de Gregório circulavam em cópias, que neles introduziam alterações. Desta forma, supõe-se que determinados poemas não são de sua autoria, podendo ser obras alheias, como também composições tidas como escritas por outros poetas do tempo, já que só foram publicados após sua morte. Situação que, segundo historiadores e poetas críticos, está longe de se resolver.