TURISMO
José Queiroz
Originalmente, o termo recôncavo designa o conjunto de terras ao redor de qualquer baía, mas nenhum se tornou tão conhecido mundialmente como o Recôncavo Baiano, formado por 33 municípios, 11.000 km², e cerca de 750 mil habitantes, ao redor da Baía de Todos os Santos, ou dependente dela. O que o caracterizou inicialmente foi a cadeia produtiva do açúcar, onde alguns lugares o produziram e outros se encarregaram de fornecer alimentos, carne, madeiras, barcos e artefatos necessários ao negócio.
Uma produção pouco conhecida do baiano, que sobrevive até os dias atuais e se tornou uma atração turística, é a produção de fumo – que foi uma moeda importante no comércio com a África - e charutos de várias cidades, como Cachoeira, Cruz das Almas, São Gonçalo e São Félix, onde está a mais famosa fábrica, a Dannemann, fundada em 1873, criadora do Centro Cultural Dannemamm, e uma das idealizadoras da Bienal de Artes do Recôncavo. Este mesmo grupo tem uma grande plantação de fumo na região, onde recebe turistas e mantém um projeto de reflorestamento. Muito pouco dessa produção fica no Brasil, pois o fumo baiano é um dos mais apreciados no mundo.
Toda esta engrenagem se beneficiou da natureza privilegiada ao redor da Baía de Todos Santos, onde deságuam rios que cortam a região e fertilizam as terras ao redor do autêntico ‘mar mediterrâneo’, com cerca de 200 km de orla, infelizmente, muito mal explorados. Ela foi generosa com os primeiros proprietários e seus herdeiros atuais que, entretanto, não o foram com índios, escravos e trabalhadores comuns, apesar da imensa riqueza que gerou por três séculos, incluindo a formação de profissionais, artistas e líderes que se destacaram no Brasil e no mundo, que ajudaram a aprimorar a sociedade humana, mas não a do Recôncavo Baiano.
A região parou e empobreceu por mais de 50 anos com o fim da escravidão, muitas pessoas migraram para Salvador ou outros