Tudo sobre Pelé
O atleta do século fala das confusões do futebol, dos rivais e do lado pesado da fama
Entrevista feita 10 de janeiro de 2013
Eurípedes Alcântara e Maurício Cardoso
Desde que se tornou o rei do futebol, há mais de quarenta anos, Pelé teve sua majestade contestada pela primeira vez no fim do ano 2000. O desafio à majestade, nascido de uma confusão causada pela Fifa, que resolveu promover uma eleição no universo aberto da internet para escolher o melhor jogador do século, não o abalou. Quem conhece futebol sabe que o esporte sempre teve um único rei e nunca terá outro: Pelé. O rei sabe disso. Aos 73 anos, pai de quatro filhos que já passaram dos 30 anos e de outros dois que não chegaram aos 18 e avô de três netos, Edson Arantes do Nascimento continua em grande forma física e mental, em paz consigo mesmo e com o mundo.
Veja – O que você achou da confusão criada pela Fifa em torno da eleição do maior jogador do século?
Pelé – Foi desnecessária. Acho que ninguém tinha dúvida antes sobre quem foi o melhor jogador de futebol de todos os tempos. Ninguém tem dúvida agora. O melhor jogador foi o Pelé. O Diego Maradona ganhou uma Copa do Mundo e fez 341 gols. O Romário também ganhou uma Copa do Mundo e fez 760 gols. Se o Romário tivesse nascido na Argentina, seria mais endeusado que o Diego. No dia que surgir um jogador que vença três Copas do Mundo, dois campeonatos mundiais de clubes e faça mais de 1.300 gols eu quero estar vivo para passar-lhe pessoalmente a faixa de melhor do mundo em todos os tempos. Mas, sinceramente, não acho que surja outro Pelé.
Veja – Por que você fala do Pelé como se fosse uma outra pessoa?
Pelé – O apelido surgiu quando eu me mudei de Três Corações, em Minas Gerais, para Bauru, no interior de São Paulo. Tinha um goleiro lá chamado Bilé e acho que com aquele sotaque pesado de mineiro eu falava o nome dele e soava algo parecido com Pelé. A turma, para fazer troça, passou a me chamar de Pelé. Mas nem eu tenho