Tropa de elite x durkheim
O roteiro escrito e dirigido por José Padilha descreve a realidade diária da Policia Militar carioca com base em relatos de fatos reais fornecidos por Policiais Militares. Como resultado, o filme atingiu uma das maiores audiências na história cinematográfica brasileira.
Contudo, bem mais que um fenômeno cultural, Tropa de Elite é um exemplo de fato social.
De acordo com Durkheim, fato social é uma norma coletiva com poder de coerção sobre o indivíduo. Possuindo três características básicas (coercitividade, exterioridade, generalidade), os fatos sociais tem existência própria e independe daquilo que pensa e faz cada particular.
Sabendo disto, correlacionaremos estas características do fato social com o filme, minuciando cada uma delas.
No início do longa, lemos uma citação do psicólogo americano Stanley Milgran (1974) que diz: “A psicologia social deste século nos ensinou uma importante lição: não é o caráter de uma pessoa que determina como ela age, mas sim a situação na qual ela se encontra”.
Este trecho é uma clara evidência de coerção social, ou seja, força que o fato exerce sobre o individuo levando-o a se conformar com as regras. No filme, esta coerção esta presente, por exemplo, quando mostra a relação pacífica desenvolvida entre o tráfico e a polícia “afinal, ninguém quer morrer à toa”. Ou seja, a polícia (vale lembrar, que não estamos generalizando o sistema) prefere se corromper e aceitar as regras pré-estabelecidas do que combatê-las: “no Rio de Janeiro, quem quer ser policial tem que escolher: ou se corrompe, ou se omite, ou vai pra guerra”. Estas regras são denominadas por Durkheim de sanções espontâneas, ou seja, decorrem de condutas não adaptadas as estruturas das leis.
Dando continuidade, com base no exemplo acima, a exterioridade diz que o fato social é externo ao indivíduo,