Trolha
O processo de criação da Sudene ganhou, em Sergipe, conotação de campanha suprapartidária, e foi também muito importante para a consolidação do campo da economia como ciência. Alguma coisa que os discursos à época denominavam de “cruzada cívica da salvação do Estado”, pondo na industrialização a finalidade realizadora do homem, a ser buscada a qualquer preço. O próprio governador do Estado
concitou a todos os políticos e todo o povo sergipano para uma união em torno do mesmo Movimento, independentemente da cor político-partidária de cada um, ensarilhadas as armas dos partidos face aos problemas comuns do Estado, para que pudessem eles serem apresentados ao Presidente da República através da OPENO, num apelo uníssono de Sergipe” .
O discurso sobre a realidade da região Nordeste estava permeado pelas concepções de planejamento regional difundidas nos anos 50 pelo pensamento de Celso Furtado. As suas idéias são, em verdade, o mais forte elemento teórico a compor a nova política de desenvolvimento.
Para Seixas Dória, “a Sudene foi, certamente, o passo mais seguro e positivo que se deu em favor do Nordeste” . O próprio Celso Furtado, idealizador do órgão, corrobora o ponto de vista de Dória ao afirmar que
O Nordeste mudou com a Sudene, é um mundo novo. Depois de 1964, a Sudene continuou a fazer trabalhos técnicos interessantes, mas o que mudou foi o Brasil, não foi a Sudene. A Sudene que eu ajudei a criar correspondeu a um certo Brasil, representou algo de novo neste país” .
A Sudene cumpria exatamente a estratégia de desenvolvimento sob a qual foi concebida no governo Juscelino Kubitscheck. Nesse sentido ela sintetizava, no Nordeste, a redefinição do papel e função da máquina estatal e de seu relacionamento com a sociedade civil. O fundamental era substituir as velhas e inúteis burocracias, passando o Estado, em todos os seus níveis, a operar sob a cobertura ideológica da racionalidade técnica.
A política social planificada e a forte