Tricologia
Print version ISSN 0365-0596
An. Bras. Dermatol. vol.80 no.1 Rio de Janeiro Jan./Feb. 2005 doi: 10.1590/S0365-05962005000100009
ARTIGO DE REVISÃO Alopecia areata: revisão e atualização*
Evandro A. Rivitti
Professor Titular de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Endereço para correspondência
RESUMO
Trata-se de artigo de revisão em que são analisados os aspectos clínicos, histopatológicos, etiopatogênicos e a terapêutica atual da alopecia areata. Enfatiza-se a posição nosológica atual da alopecia areata como doença auto-imune que se desenvolve em substrato genético e discutem-se os possíveis mecanismos fisiopatológicos da enfermidade, bem como os tratamentos atuais, particularmente para as formas mais graves da doença, compreendendo terapêuticas imunomoduladoras tópicas com dibutilester do ácido esquárico e difenciprona e seus possíveis mecanismos de ação.
Palavras-chave: Alopecia; Alopecia em áreas; Literatura de revisão
INTRODUÇÃO
A alopecia areata (AA) é uma afecção crônica dos folículos pilosos e das unhas, de etiologia desconhecida, provavelmente multifatorial com evidentes componentes auto-imunes e genéticos. Determina queda dos cabelos e/ou pêlos, por interrupção de sua síntese, sem que ocorra destruição ou atrofia dos folículos, motivo pelo qual pode ser reversível.
Aspectos históricos
A primeira descrição clínica da alopecia areata atribui-se a Celsius (14 a 37 a.C.),1 e a designação alopecia areata deve-se a Sauvages.2 Hebra demostrou a incorreção da hipótese de etiologia fúngica proposta por Willan e Gruby (1843). Posteriormente, Von Baresprung propôs a teoria trofoneural, e Jacquet elaborou a teoria distrófica considerando como causa da afecção focos infecciosos, particularmente dentários, hipótese hoje totalmente afastada. Modernamente, interpreta-se alopecia areata como doença auto-imune com substrato genético.
Aspectos epidemiológicos
Os