Trema na nova ortografia
POR THAÍS NICOLETI
18/10/12 12:00
Em primeiro lugar, o que se diz é “o trema”, não “a trema” (como insistem alguns). Trata-se de palavra de origem grega terminada em “-ema”, como tema, dilema, diadema, fonema, problema, estratagema etc., todas masculinas.
Muito bem. O trema foi abolido da ortografia portuguesa há muito tempo, mas, aqui no Brasil, resistiu até 2009. Era empregado para indicar a pronúncia átona do “u” nos grupos gue, gui, que e qui, que podem ser lidos como dígrafos, ou seja, sem que o “u” seja pronunciado.
Hoje, escrevemos guerra, aguentar, aguerrido, linguiça, preguiça, arguição, guindaste, extinguir, distinguir, pinguim, redarguir, antiguidade, delinquente, sequela, aqueduto, aquífero, delinquir, quindim, líquido, liquidação. Será que você sabe ler corretamente todas essas palavras?
Uma dica: das 20 palavras enumeradas acima, nove se escreviam obrigatoriamente com trema (pois nelas a letra “u” é pronunciada), oito delas nunca tiveram trema (pois nelas a letra “u” é muda) e três delas tinham dupla grafia – com ou sem trema – acompanhando a sua dupla pronúncia (“u” pronunciado ou mudo).
Tente separá-las nos três grupos sem consultar os dicionários. Fácil?
Resposta amanhã aqui no blog.
VALE A PENA LEMBRAR
Pegou carona na eliminação do trema a supressão de certo acento agudo que existia na letra “u” dos grupos que, que, qui quando esse “u” era pronunciado de forma tônica. Alguns exemplos – com a grafia antiga – vão refrescar a nossa memória: averigúe, apazigúe, ele argúi, tu argúis, eles argúem. Essas palavras perderam esse acento agudo. Hoje se grafam assim: averigue, apazigue, ele argui, tu arguis, eles arguem.
O verbo “arguir”, normalmente usado no meio jurídico no sentido de alegar como prova ou acusar, mas também empregado, especificamente no Brasil, na acepção de examinar questionando (arguir o aluno sobre uma lição), perdeu não só o trema mas, nas suas flexões, o referido acento agudo.