Transe e Klínica

7716 palavras 31 páginas
João Pedro de Arruda Filho

TRANSE E KLÍNICA: CONEXÕES E INTERFACES NO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA

São Paulo, agosto de 2010

1. INTRODUÇÃO

É de consenso geral que a esfera Clínica das Ciências Psicológicas, metafísica ocidental moderna, carece de respostas concretas a respeito do tratamento de transtornos psicopatológicos presentes em nosso tempo. Na busca de se encontrar soluções para os impasses da Psicologia Clínica Moderna surgem novos atores dispostos a produzirem linhas de fuga frente a um cenário cheio de barreiras. E é nesse contexto que nascem as visões alternativas das quais este projeto humildemente pretende tratar.
Fala-se hoje em um psicanalismo imanente presente no discurso Psi. As perspectivas alternativas aparecem justamente para criticar este viés unilateral presente na psicologia clínica e propor maior abertura no sentido de experiências terapêuticas diversas, inclusive, do meio acadêmico. Dentre elas os Ritos populares de Umbanda e as intervenções Klínicas de Esquizoanálise se mostram como instrumentos eficazes que merecerão especial atenção nesse projeto. No entanto, não serão estes o foco principal da pesquisa, mas sim o que está por detrás e é comum a eles: os Estados Alterados de Consciência, especialmente o estado de Transe.

2. OBJETIVOS

O presente trabalho tratará das possibilidades do uso do Transe como instrumento de intervenção terapêutico para o tratamento de Transtornos Psicóticos. Entre os tipos de Transe, se dará maior ênfase ao fenômeno dissociativo do Transe Mediúnico da Possessão (ou Incorporação), em virtude de suas já reconhecidas qualidades terapêuticas, tanto no meio científico quanto na tradição popular.
O projeto também procurará desenvolver um conceito denominado Klínica (com K) para diferenciá-lo da Clínica psicoterapêutica convencional. Clínica, com “c”, deriva do termo grego clinos, que se refere a uma posição reclinada ou deitada, como paradigma de

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