tranferencia na relação professor aluno
Segundo Freud, o trabalho da Educação não deve ser confundido com o da Psicanálise e nem substituído por ela; porém, a Psicanálise pode nos auxiliar no conhecimento do funcionamento mental e inconsciente dos sujeitos envolvidos no processo educativo.
A Educação (escola) tem como objeto o conhecimento; o objeto da Psicanálise é o inconsciente e o funcionamento do aparelho psíquico. O inconsciente não é um órgão físico – tampouco tem uma localização –, e se manifesta através dos sonhos, dos chistes, dos atos falhos e do sintoma, fazendo-nos únicos e singulares.
Se a escola ignora a realidade subjetiva (o inconsciente) da condição humana, espera que o aluno seja um ser idealizado (segundo as crenças, os padrões e a cultura de cada época ou lugar) e, portanto, desprovido de desejo e de subjetividade. Assim, enquadra as pessoas nas normas que acredita nos fazerem aprender, isentando-se, escola e professor, de qualquer participação num processo em que, segundo a Psicanálise, sujeitos agem e interagem, numa dinâmica de desejo e transferência.
Desejo (no sentido lacaniano) e transferência são conceitos apresentados pela Psicanálise que apontam para a constituição subjetiva dos seres humanos. O professor, então, é também um sujeito marcado pelo seu próprio desejo inconsciente – o que o impulsiona para a função de mestre.
Aprender e ensinar apontam, deste modo, para seres de desejo – professor e aluno –, tendo por objeto desta relação (transferencial) o conhecimento.
Pensar e fazer a Educação, reconhecendo as possibilidades do inconsciente que nos constitui, é uma possibilidade de (re)tirar os aprendizes/ensinantes da posição de objeto (os indisciplinados, os rebeldes, os incapazes, os disléxicos, os hiperativos, etc.) e deslocá-los para a posição de sujeito (sujeito de desejo). Ao mesmo tempo, isto também pode operar uma mudança na posição do professor (“aquele que detém o saber”) para aquele que, a