Traffic in the woman
Considerações sobre The Traffic in Women, de Gayle Rubin
No ensaio The Traffic in Women (1975), a antropóloga estadunidense Gayle Rubin constrói uma visão dos complexos processos culturais e das relações de poder que permeiam a questão de sexo/gênero. Ela recorre aos estudos de Lévi-Strauss e Sigmund Freud para traçar um panorama do surgimento da opressão cultural imposta às mulheres ao longo da história. Rubin faz uma análise sobre como as mulheres tornaram-se mulheres submissamente oprimidas, relegadas à categoria de cidadãs de segunda classe.
Os estudos de Strauss são analisados criticamente pela antropóloga, a fim de definir o sistema de sexo/gênero proposto por ela. Por meio de uma abordagem didática, Rubin expõe a teoria de Strauss a fim de alicerçar seus estudos sobre a opressão feminina. Em Strauss, a questão do parentesco é considerada como uma imposição social tendo em vista que ele não fez uma abordagem levando em conta as questões feministas que seus estudos poderiam implicar e sua influência na sociedade. O sistema de troca, definido por Strauss, seria a origem do casamento, e o tabu do incesto seria regra social, definida pela proibição das relações sexuais e maritais consanguíneas, e natural, por ter aspectos universais em várias sociedades.
A mulher seria um “presente” a ser ofertado entre a sociedade, e então estaria sendo definido o sistema de trocas, no qual o incesto não seria permitido, pois manter relações entre irmãos ou genitores não estabeleceria as relações de “trocas” no grupo social. Assim, o casamento simbolizaria os pactos entre família. E dessa forma, historicamente, foi se atribuindo um valor às mulheres, estabelecendo uma importância econômica ao sistema de trocas. A união através desse sistema origina uma relação de parentesco entre membros do grupo social,