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A dominação islâmica não teve a mesma duração, nem as mesmas repercussões, em todas as zonas. Foi fraca nas Beiras, a norte do rio Douro, principalmente na região onde viria a se constituir o Condado Portucalense. Também não provocou nenhuma mudança importante, embora aí se tenham fixado, em maior ou menor número, tribos muçulmanos, sobretudo, as de origem berbere.
O pequeno reino cristão das Astúrias — formado por Asturos, Cântabros e Hispano-Godos — conseguiu, em 754, expulsar definitivamente os muçulmanos para o sul do Douro. De fato, foi no sul de Portugal que o Islã deixou marcas profundas, comparáveis à contribuição da presença romana na estrutura do que, mais tarde, seria a civilização portuguesa.
Na Estremadura desenvolveram-se os centros urbanos de al-Usbuna (Lisboa) e Santarin (Santarém). No Baixo Alentejo, as cidades de Baja (Beja) e Martula (Mértola) e, no Algarve — onde a presença muçulmana se manteve por seis séculos — surgiram Silb (Silves) e Santa Mariya al-Harum (Faro). Os árabes — designação genérica de um conjunto de populações berberes, sírias, egípcias e outras — substituíram os antigos senhores visigodos. Mostraram-se, em geral, tolerantes com os usos e costumes locais, admitindo as práticas religiosas das populações submetidas e criando condições para os frutíferos contactos econômico e cultural que se estabeleceram entre cristãos e muçulmanos.
Os vestígios materiais da longa permanência muçulmana ficam aquém das expectativas, principalmente porque a política cristã de reconquista foi a de "terra arrasada". Cada localidade retomada aos árabes era destruída e os objetos e construções queimados em fogueiras que ardiam durante dias. Mas restaram