1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O SIGNO LINGUÍSTICO A PARTIR DA VISÃO SAUSSURIANA José Geraldo Pereira Baião* (zegeraes@uol.com.br) Saussure, no Curso de linguística geral, definiu a língua como um sistema de signos linguísticos, ou seja, a língua constitui, na perspectiva da Linguística sincrônica, uma estrutura em que se relacionam, segundo regras combinatórias específicas, os signos que a compõem, a partir de uma comunidade específica de falantes. Primeiramente, deve ficar patente que o signo linguístico não é um objeto, uma coisa, uma materialidade, ou, nas palavras de Saussure, uma substância. O signo constitui uma abstração, que deve sua existência ao caráter simbólico do sistema linguístico. O signo, portanto, representa um fenômeno mental ou psíquico, mas a sua constituição se dá, no entanto, a partir de eventos discursivos assentados em contextos sociais e históricos concretos e específicos, ou seja, a existência do signo linguístico não prescinde de uma sociedade de fala historicamente estabelecida. O signo constitui, antes de tudo, um produto da cultura humana e não uma entidade alheia às contingências sociocognitivas que estruturam uma comunidade linguística. O signo linguístico resulta da união entre um impacto sonoro mental e uma respectiva ideia ou conceito a ele correspondente. Assim, o signo linguístico nasce quando associamos um conceito a uma repercussão sonora psíquica, emergindo dessa relação a significação linguística. É nesse sentido que se afirma ser o signo linguístico não uma "coisa", mas sim uma relação. Exemplifiquemos o processo de constituição psíquica do signo linguístico: Uma pessoa escuta de seu interlocutor o vocábulo casa ['kaza], por exemplo. Primeiramente, nesse ato comunicativo, as ondas sonoras saem da boca do emissor e atingem os ouvidos do receptor. Nos ouvidos se dá o processamento das ondas sonoras físicas e o envio ao cérebro dessa percepção material do som. O impacto mental da informação sonora na região do cérebro