Trabalhos
2.1 O renascimento dos estudos aristotélicos na Antiguidade Tardia e início da Alta Idade Média Os escritos esotéricos de Aristóteles durante muitos anos não foram ostensivamente estudados, subsistindo através do comércio em Roma, sendo por algum período até esquecidos. No século I a.C. há um renascimento do Aristotelismo, devido, em grande parte, à organização que Andrônico de Rodes fez dos escritos do Estagirita por volta do ano 23, a qual ficou conhecida como Corpus Aristotelicum. Tal edição fomentou uma sucessão de comentários que culminou nos de Alexandre de Afrodísia (os mais notáveis são os feitos aos cinco primeiros livros da Metafísica). Em seus comentários, por exemplo, ele distingue no trabalho aristotélico três tipos de intelecto: físico ou material, adquirido ou habitual e agente ou produtivo. Após Alexandre, o Aristotelismo perde um pouco do vigor e consegue sobreviver praticamente apenas no caráter de introdução e complemento ao Platonismo. É nessa trilha que os comentadores neoplatônicos lerão Aristóteles nos séculos seguintes. Os estudos aristotélicos ganham novo fôlego com a tradução latina de alguns escritos lógicos de Aristóteles por Mário Victorino no século IV da era cristã. Pouco mais de um século depois, Boécio realiza a tradução e comentários do Organon, lançando assim as bases da recepção do Estagirita na Idade Média. Boécio também traduz o Isagoge, de Porfírio, obra introdutória às Categorias. Além disso, o filósofo romano também produz tratados lógicos largamente influenciados pelo pensamento aristotélico. Durante muito tempo, somente as traduções das Categorias e Da Interpretação ficaram disponíveis. Juntamente com o Isagoge, é desse modo constituída a logica vetus, que permanece por vários séculos como fonte principal do estudo das obras lógicas de Aristóteles. No século XII, o restante das traduções de Boécio referentes ao Organon reaparece, fazendo florescer inovadores estudos